Bronquiolite Obliterante

A bronquiolite obliterante é uma doença obstrutiva crônica das vias aéreas e que ocorre preferencialmente em lactentes, do sexo masculino, após um quadro infeccioso decorrente de qualquer agente. Os mais frequentes agentes são os vírus e, desses, o principal é o adenovírus e o segundo o Haemofilus influenza.

O Dr. Malucelli possui longa experiência na medicina do tórax no Brasil e já realizou centenas de cirurgias em adolescentes, crianças e recém-nascidos.

Como ocorre a bronquiolite obliterante?

Geralmente ocorre quando um vírus (especialmente o adenovirus) infecta a superfície da célula epitelial e inicia a replicação intracelular, ocasionando metaplasia escamosa da mucosa dos brônquios e necrose da parede bronquiolar com destruição do epitélio ciliado. Ocorre aumento da secreção de muco com consequente obstrução da luz bronquiolar, causando aprisionamento de ar (dilatação alveolar), atelectasias e bronquiectasias.

Sinais / Sintomas

Clinicamente ocorre tosse persistente, estertores, taquidispneia e sibilos por mais de duas semanas e que se inicia após um quadro agudo de infecção. Além desses, pode haver o hipocratismo digital, cianose e insuficiência respiratória. Tudo dependerá da gravidade e da evolução do quadro.

Como fazer o diagnóstico?

Deve ser feito correlacionando os resultados do exame físico minucioso; provas de função respiratória; radiografia e tomografia do tórax (correlacionar a localização com a frequência mais comum de cada patologia); exame de escarro e broncoscopia (endoscopia respiratória) com lavado; escovado broncoalveolar; biópsias transbrônquicas. Geralmente todos esses exames ajudam no diagnóstico da doença.

  • A tomografia torácica de alta resolução ira demonstrar achados característicos, que são: perfusão em mosaico (64%), bronquiectasias (54%), aprisionamento de ar (64%), espessamento brônquico (42%), e consolidação e diminuição do volume pulmonar em 9% dos casos.
  • No Rx do tórax haverá: sinais de hiperinsuflação, atelectasias e sinais de comprometimento brônquico.
  • Na espirometria pode haver: distúrbio ventilatório obstrutivo, restritivo ou ambos. Muitas vezes haverá diminuição da reserva ventilatória.
  • Cintilografia de ventilação e perfusão: demonstra redistribuição da circulação pulmonar. Esse exame pode ser correlacionado ao que foi visto na tomografia para confirmar o diagnóstico.
  • Endoscopia respiratória: muitos pacientes com suspeita dessa doença ou com evolução clínica desfavorável devem ser submetidos a esse exame. O exame servirá para excluir outros diagnósticos (doenças que podem confundir) bem como para coleta de secreções (lavado, escovado broncoalveolar). O exame deve ser realizado em ambiente hospitalar, no centro cirúrgico, utilizando anestesia geral.
  • Biópsia pulmonar: esse é o método que dá o diagnóstico definitivo dessa doença. Mas não precisaremos fazer biópsias em todos os pacientes, somente em alguns, especialmente quando há duvidas em relação ao diagnóstico clínico ou quando há suspeitas de outras doenças associadas. A biópsia do pulmão é um procedimento cirúrgico que deve ser realizado em ambiente hospitalar, no centro cirúrgico, utilizando anestesia geral. Pode ser feito com equipamentos de videocirurgia ou por cirurgias abertas do tórax.

Para a realização das biópsias devem ser tomados diversos cuidados técnicos, do contrário o resultado da biópsia pode ser inconclusivo. O ideal é que o cirurgião e o pneumologista/alergologista infantil, em conjunto, e com base nos exames de imagem (radiografia, tomografia), escolham que área ou áreas as biópsias serão feitas.

Praticamente sempre haverá necessidade de serem retiradas áreas mais e áreas menos comprometidas pela doença, pois dessa maneira o resultado anatomo-patológico das biópsias terá maior efetividade. O patologista que irá analisar as biópsias deve ser experiente.

Tratamento clínico medicamentoso

O tratamento clínico medicamentoso é o de escolha para essa doença. Não existem medicamentos específicos. O que geralmente se faz é tratar as infecções bacterianas secundárias, o processo inflamatório das vias aéreas (corticoide e broncodilatadores) e o refluxo gastroesofágico (quando presente ou suspeito).

O melhor tratamento para essa doença é a sua prevenção. Essa é realizada com a prevenção de quadros de infecção respiratória, pois esses poderão evoluir e gerar a bronquiolite. Devemos manter uma nutrição adequada dos recém-nascidos e das crianças, realização de vacina antigripal e, eventualmente, de vacinas antipneumocócicas.

Tratamento Cirúrgico

Poderá haver necessidade de realização de algum tipo de tratamento cirúrgico em qualquer fase da evolução dessa doença.

Quase sempre será com o intuito de tratar as lesões pulmonares que decorrerão da evolução da bronquiolite obliterante. As mais comuns são:

  • Bronquiectasias que ocorrem em mais de 50% dos pacientes.
  • Aprisionamento de ar, que ocorre em mais de 60% dos pacientes.

As bronquiectasias irão gerar infecções respiratórias recorrentes e isso, em longo prazo, poderá comprometer áreas pulmonares sadias do mesmo pulmão ou do pulmão contralateral. Portanto, o tratamento com a ressecção da área que apresenta a bronquiectasia irá evitar essa complicação.

O aprisionamento de ar irá gerar áreas pulmonares “dilatadas” com aspecto de bolhas pulmonares. Essas irão gerar a compressão do parênquima pulmonar ao seu redor e isso, em longo prazo, irá gerar a piora da obstrução brônquica, com consequente piora do broncoespasmo e aumento da ocorrência de infecções de repetição.

Portanto, poderemos tratar cirurgicamente essas duas lesões pulmonares através de ressecções econômicas. Ressecção cirúrgica da(s) área(s) de bronquiectasia(s) e das áreas com “dilatação alveolar / bolhas”.

O tratamento cirúrgico não irá curar a bronquiolite obliterante, mas irá tratar as lesões pulmonares (bronquiectasias e dilatação/bolha) secundárias e, com isso, a evolução deverá ser mais favorável e com menores quadros de infecção respiratória no decorrer da vida do recém-nascido ou da criança.